sexta-feira, 30 de abril de 2010

...

Estou com uma vontade extrema de criar uma máquinha do tempo.
Voltar para o passado e nao fazer nada do que fiz até agora.


pois simplesmente nao estou para mémorias tristes, nem para as felizes.



Lua e sol.

Com seu jeito leitoso,
a lua menina flertou,
no recém formado dia
com o sol que acordou.

Antes de dar por si o grandioso morria de amores.
Iluminou o mundo para mostra-la as coisas lindas e esconder seu horrores.
Fez crescer as flores mais belas e brilhou cada parte de uma imensidao de cores.

Mas so a fez ir, furtiva, embora.
So a fez ir contar as estrelas no outro lado do planeta, a beleza que no dia vigora.

Jamais esqueceu da beleza,
o pobre sol que toda noite de saudade morre
daquela que vive onde a cidade dorme.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Carta 2070

http://www.youtube.com/watch?v=Re-ztSxGXdw

sábado, 24 de abril de 2010

Os monstros e o violino.

Era bonito de ver seus dedos como pincel, tocando o vidro umidecido do auto numa noite fria, repleta de sereno e monstros. Começava, como sempre, com o mundo inteiro.

Desenhou friamente a bordas do planeta.
Fez derreter a Antártida com seu dedo quente.
Pintou os mares com o azul dos olhos.
Desceu um pouco mais, e criou a perninha sulamericana.
Subiu um pouco mais, e com seu coraçao pequeno, fez um Brasil.

Nesse pequenino Brasil colocou tudo que mais gostava. Um pouco de cor, um pouco de gente, um pouco de praia, diversos animais, falésias monumentais, e árvores colossais. Montou sua terra alegre como nunca antes visto.

Entretanto o violino que chorava alto, cujo som ecoava, fez a realidade imunda novamente.

soprou o ar quente de sua barriga contra o desenho que fizera, e no vidro novamente embaçado escreveu seu nome. Afinal almejava algo que fosse real.

Exame de consciência.

Penso,
de tempos em tempos,
que deveria me preocupar menos com aquilo que penso
e mais com aquilo que falo.








ou com aquilo que jamais falei.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

poema bobo II

Meio céu e meio mar.
Êfemero cheiro de amor no ar.

Fez-se altar, a gélida areia.
Fizeram-se testemunhas, as pobres conchas de marisco.
Pouco era o risco de haver razao.

Duas criaturas sem fé
Em silêncio estao.
E por entre as pedras, barulho de maré.
E entre os dois, apenas os sons do coraçao.





terça-feira, 20 de abril de 2010

Flores na calçada.

Já passava de meia noite. Era possível ouvir através das paredes finas passos apressados, de um homem quase que novo, e quase que velho, de média estatura, cara quase que normal. As janelas observavam, indiscretas, como de costume, aqueles dois grandes olhos medrosos e aflitos. Coitados eram os degraus que sofriam com a angústia do sujeito. Nas costas uma luz azulada iluminava-o, dando um ar doce, macabro, e interessante a toda aquela visao. O gestos eram rápidos, despreocupados com possíveis erros, afinal o que vinha a seguir fora vaidosamente calculado, embora este nao fosse o mais racional dos homens.

Gotas de chuva molharam sua testa, seus ombros, o corpo todo. Criavam caminhos por entre as rugas de sua cara, as malditas. Passaram pela queda de seu nariz, foram até o bico, desceram escorregando pela boca, molhando o limo dos dentes, do sorriso pobre. As maos que tremiam já esqueciam de ser indecisas, tomavam um rumo sem volta.. pois fariam o que nao poderia ser feito. Agora seu mundo era silêncio, nao podia escutar nem voz, muito menos razao. Pobre rapaz, que criatura triste.

Sentia tesao em empunhar uma arma. Nao era a primeira vez, mas cada uma era única. Um prazer tao esplendoroso. Sentia poder. Podia matar.

-Tu queres dinheiro? Disse a moça. -Se for dinheiro eu te dou! Por favor nao faça nada!

AGORA DIZ! Diz vagabundo! Que tu nao querias dinheiro porcaria nenhuma! Que tu querias cheiro de pólvora, de sangue. Tu sabes que falta de dinheiro nao é teu mal. Agora diz pra ela.
Tens conhecimento que homens sao todos iguais numa cela.



Levou as duas maos até cabeça de cabelos desgranhados, e chorou.
Pois sabia que agora era apenas mais um que matou.


Um cara quase que normal.

sábado, 17 de abril de 2010

Indecisao

-Decide menino! Quer escrever ou fazer música? Desenhar ou encher a cara? Dar marteladas na vó ou alimentar um enfisema? Jogar xadrez ou paciência?


porra, a angústia é minha...


Se faço prosa ou poesia o problema é meu.
nascimento.


uma bela piada divina.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

a overdose.

Se contorcia como serpente.
Intercalava o gozo com demência
Sua mente era fogo em alto mar
Explosao de cáis.
Pedia perdao pela miserável vida, mas pedia mais.

O milagre de viver entregou-lhe uma faca,
e ela se esfaqueou.
Passou pela vida como mera observadora.
Deixou...
Deixou...
Deixou...

sua alma à venda.

Fechou os olhos numa expressao mista de alívio e cansaço.
Morreu afogada, perto de Deus, e ao lado dos barcos.


Maldito diplomata.

Nunca lamberei os pés de ninguem.
Nao engulo palavra.
E quando me sentir forte, me sentir bem
Abro um sorriso bobo, e lhe cuspo na cara.




pianinho.

Eu, bem criancinho, aprendi a ser sozinho
Eu, bem menininho, levantei pedras do caminho

Cansei dessa tentativa constante de ser poeta, de tentar por meu nome na vitrine de livraria. Agora eu rimo mansinho, assim bem bossa nova.
Ainda tomo jeito, ponho gravata e vou ser gente grande. Juro isso todo instante.
Faço uma família bonita, numa casa bonita, compro carro, tiro férias na europa, e bebo moderadamente. Viverei pianinho.
Quiçá eu diga alguns "eu te amo", ou até verse belos amores.

mas eu, bem criancinho, aprendi a ser sozinho.



domingo, 11 de abril de 2010

O malabarista.

Os seres do circo sao algo de extra-terreno. Seres azuis, amarelos.. Criaturas que alfinetam nossa curiosidade, cuja a existencia excita nossa ordinariedade. Notáveis criadores de novos medos, pioneiros na arte do desejo. Arrepiam meu corpo inteiro. Tire desses sonhadores seu sangue, sua familia, seus amores, dinheiro, e fama.. contudo jamais os prive de sua arte.
Quando eu criança pequena morri de amores por uma trapezista. Voava feito uma andorinha, a pequena. Porém hoje defendo os malabaristas. Eles sao o que há de mais doce num show de picadeiro.



Voces trapezistas podem desafiar a gravidade, mas nós os malabaristas brincamos com ela.
Quem canta os males espanta.
Quem bebe os males esquece.



nunca aprendi a cantar.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tinha de ser Amélia! Tinha!

De súbito ela entrou. O desconforto era visível em seus grandes olhos azuis, que belos olhos. Nao pude evitar roubar um pouco deles pra mim, só por um segundo, assim... meio sem jeito, com jeito de quem nao sabia o que fazia. Meu ar era de graça e de mentira. Menina sem nome era aquela. Me recordo da trança, dos trejeitos tortos, da dúvida, dos grandes olhos azuis, e a falta de suavidade ao passar pela catraca. Visto que era admirável sua beleza, o mundo inteiro e aquele ônibus pararam. Foi minguando a pequenina, como um navio descendo a borda do mundo, nos bancos ao lado daqueles mais ausentes.
Sei que jamais me verás novamente, e teu nome também, em minha vida, será mistério. Moça bonita da trança comprida, assim que me achares, prometo, veja bem.. prometo


devolver aquele pedacinho de céu que roubei de ti naquele segundo.

A velha história de todas as histórias que tem, no fim, um começo

I held your hand for a long time.
I had my soul inside your mouth.
I had my love on your tongue.

Felt God's hands in my face, was a slap. I asked for answers. Another slap. I asked for compassion. Another slap.

now.. i have no place to hide.

and you live this ordinary life with the same virginal passion.


it is alright to be a whore in the inside.

WHO CARES?



i do.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

garoa.

HAVE FUN! It is our time now. Forget poverty! Celebrate! We are millions, billions... of years ahead! Blow up your head with pleasure and colors.


mas lembre-se criança.. Deus abomina finais felizes.


e o céu só chora.

criaturas estranhas esses homens.

Daquela pequenina janela, aquela sobre o mundo todo, eu via as formiguinhas, lá do alto (altura sempre dá um ar de importancia). Apoiei meu queixo nas canaletas feitas de madeira. Cheiro de Embaúba. Os olhos inquietos, dois irmaos que se odeiam que jamais se fitam, observavam o mundo inferior. O mundo de lá tem gente de verdade. Verdade é algo muito perigoso, voce pode se machucar.


e as pequenas criaturas continuam andando, com suas cabeças bonitas e seus corpos feios, procurando algum tipo de ideologia ou filosofia.

E eu, daquela pequenina janela, aquela sobre o mundo todo, via as formiguinhas, todas elas.

Eleiçao.

Pregamos bondade, paz, amor, saúde, distribuiçao de renda, reforma agrária, estado laico, aborto, homossexualismo, o novo, o belo, as flores, os abraços, os beijos roubados, mais uma vez o amor, a juventude, a amizade, o sexo, a felicidade, os sonhos mortos. Pregamos com o coraçao.


Meninas e meninos! Seremos a próxima refeiçao.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

.

the end.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

stratocumulus.

-Eu vejo uma girafa.
-Eu vejo uma tartaruga.
-Eu vejo um macaco.
-Eu vejo uma pulga.


Tão perto do céu.


Tão longe de tudo.