Eu notava seus traços: eram desalinhados, definitivamente minto se disser de uma beleza ímpar, pois beleza alí não havia. Disforme, entretanto de olhar doce, bovino, como diria o escritor. Seus olhos eram negros (bem como a pele) e não os tiravam nem por um segundo do braço do violino, até o momento que por uma força maior, quem sabe um impulso, ou até obrigação moral puxei alguns trocados do bolso e lhe ofereci, calado. Foi então que o sujeito notou minha presença. Parou delicademente de tocar a música, recusou o dinheiro com a cabeça, e gentilmente me agradeceu com um olhar e um sorriso de dentes amarelos e pequenos, mas de extrema honestidade.
eu que era calado, cantarolei o dia todo.
4 comentários:
Adorei o descritivismo, me fez sentir um expectador muito próximo.
gostei :)
fazia um tempo que não vinha aqui hein, mas é bom porque sempre me sinto avontade quando leio seus textos. Gostei bastantinho
Se for o mesmo cara que eu estou pensando... Só perde pro harpista do centro. Me faz sentir falta do meu violino pobre coitado quebrado em algum canto da casa dos meus avós.
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